rebentação, Sebastião da Gama
rebentação
Quem tiver dó de mim,
não mo diga mas venha e tenha dó.
Talvez então me sinta menos só
e me esqueça de mim...
Ah!, se eu pudesse esquecer-me!...
Se eu fosse com eles todos
como se fosse comigo,
tivesses gestos iguais,
dissesse, não o que digo,
mas só palavras banais
como as deles...
... e achasse estas coisas todas
coisas muito naturais!
Mas não me esqueço, nem mesmo
sou homem que se resigne.
-O que já veio, que volte!
Porque ensinou os meus olhos
a viver em Claridade?
Deixasse-os lá entre escolhos
e trevas por que não davam!...
Porém agora, que O vi
que já fui d'Ele, a Saudade
não é coisa que me baste.
E eu quero tê-Lo de novo.
Quero dar meu corpo virgem
(que, desde que ele o beijou,
é virgem que o sinto ser),
eu quero dá-lo a Seus braços
como se o meu corpo fosse
um corpo nu de mulher.
Quero que ele venha ser-me.
Venha cumprir as promessas
que Ele fez por minha boca.
Ou então não nas fizesse.
Que, se O eu nunca soubesse,
afeito a isto, de início,
talvex agora tivesse
a Vida por bom ofício.
Porque eu não sou(ai! não sou)
de conformar-me e amoldar-me.
Se grito, tenho razão.
E, se protesto, é que não
enconto de que acusar-me.
Se havia
de Se me roubar depois
por que motivo Se deu?
Acaso não lhe pus eu
a minha vida nas mãos?
Não beijei as minhas feridas
só porque as Ele rasgara?
Não deixei de ser pequeno,
de em tudo ser limitado
(sabe lá Deus com que dores!...)
só para andar a Seu lado?
E foi-Se, e nem um sinal...
(Deixou-me glórias passadas
que não podem contentar-me.
E deixou-me esta revolta
a dizer que O não esqueço,
a ser a maior das provas
-Ai tem dó de mim, Senhor!
Se não é voz a revolta,
eu também sei humilhar-me
e sei pedir-Te perdão.
Deixa-me ser o Teu cão
(que é subir, descer por Ti)
se a mais não devo elevar-me,
mas aparece, mas vem...
Ou então, se me fugiste
por ascender,
meu Senhor, a Teu Lugar
ilumina o meu olhar
e que seja a minha glória,
já que outra não pode ser,
ter olhos para Te ver
gozá-la, como espelhando-a,
Tua Glória,
e que me iluda e que julgue
(de tanto, num santo enlevo,
minh'alma aos Astros erguida)
que a Tua Glória, que eu olho,
é minha Vida cumprida.
Que ao menos viva enganado.
Que este meu viver, lembrado
dos Astros, com que brinquei,
que são meus, porque os toquei,
é como um vinho azedado
que bebo e logo vomito.
(Meus lábidos sabem de cor
o travo que, só, aceitam,
dos vinhos do Infinito...)
Ai vem, meu Senhor!, ou dá-me
notícias de Ti, distante!
acaba com os meus gritos
e pragas e o mais que faço,
desde os vícios renascidos
até ao meu, sujo e triste
(por dolorosa vaidade
que afinal me consentiste),
macaquear atitudes
d'O que já fui, sendo Tu.
Vem acudir ao imerso
no Desâmino e na lama
dum sonho que apodreceu...
E que a Esperança de novo
me surja, a meio de um verso,
nem que eu não fique sabendo
se o fizeste Tu ou eu...
============
surf
Whoever has pity on me,
don't tell me but come and have pity.
Maybe then I feel less alone
and forget me ...
Ah, if I could forget! ...
If I went with them all
as if it were me,
had equal gestures,
say, not what I say,
but just banal words
like theirs ...
... and find all these things
very natural things!
But I don't forget, not even
I am a man who resigns.
-What has already come, come back!
Because it taught my eyes
to live in Claridade?
Leave them there between pitfalls
and darkness because they couldn't! ...
But now, that I saw Him
that I once belonged to Him, Saudade
it is not enough for me.
And I want to have Him again.
I want to give my virgin body
(who, since he kissed him,
is a virgin that I feel him to be),
i want to give it to your arms
as if my body was
a naked woman's body.
I want him to come and be me.
Come keep the promises
that He did for my mouth.
Or else don't.
That if I never knew,
used to this, at first,
maybe now
Life by good craft.
Because I'm not (oh, I'm not)
to conform and shape me.
If I scream, I'm right.
And if I protest, it’s just that
I find that to accuse me.
If there was
If you rob me later
why did it happen?
Didn't I put him
my life in the hands?
I didn't kiss my wounds
just because he tore them up?
I was not small,
at all be limited
(God knows what pains! ...)
just to walk beside you?
And gone, and not a sign ...
(Left me past glories
who can't be content.
And this revolt left me
to say that I don’t forget,
to be the greatest evidence
-Oh, feel sorry for me, Lord!
If revolt is not a voice,
I also know how to humiliate myself
and I know how to ask your forgiveness.
Let me be your dog
(which is going up, down for You)
if the more I must not rise,
but it appears, but it comes ...
Or if you ran away from me
for ascending,
my Lord, Your Place
brightens my gaze
and may it be my glory,
since another cannot be,
have eyes to see you
enjoy it, like mirroring it,
Your Glory,
and deceive me and judge
(so much, in a holy rapture,
my soul to the Astros erected)
that your glory, that I look at,
it is my life fulfilled.
At least live deceived.
That this my living, remembered
dos Astros, with which I played,
that are mine, because I touched them,
it's like a sour wine
I drink and then I vomit.
(My lips know by heart
the thing that they only accept,
of Infinito wines ...)
Here come, my Lord !, or give me
news of You, distant!
end my screams
and pests and what else I do,
since vices reborn
even mine, dirty and sad
(for painful vanity
who finally consented to me),
monkey attitudes
of what I have been, being You.
Come help the immersed
in Desâmino and in the mud
of a rotten dream ...
And that Hope again
appear to me, in the middle of a verse,
even if I don't know
whether you did it You or me ...
Quem tiver dó de mim,
não mo diga mas venha e tenha dó.
Talvez então me sinta menos só
e me esqueça de mim...
Ah!, se eu pudesse esquecer-me!...
Se eu fosse com eles todos
como se fosse comigo,
tivesses gestos iguais,
dissesse, não o que digo,
mas só palavras banais
como as deles...
... e achasse estas coisas todas
coisas muito naturais!
Mas não me esqueço, nem mesmo
sou homem que se resigne.
-O que já veio, que volte!
Porque ensinou os meus olhos
a viver em Claridade?
Deixasse-os lá entre escolhos
e trevas por que não davam!...
Porém agora, que O vi
que já fui d'Ele, a Saudade
não é coisa que me baste.
E eu quero tê-Lo de novo.
Quero dar meu corpo virgem
(que, desde que ele o beijou,
é virgem que o sinto ser),
eu quero dá-lo a Seus braços
como se o meu corpo fosse
um corpo nu de mulher.
Quero que ele venha ser-me.
Venha cumprir as promessas
que Ele fez por minha boca.
Ou então não nas fizesse.
Que, se O eu nunca soubesse,
afeito a isto, de início,
talvex agora tivesse
a Vida por bom ofício.
Porque eu não sou(ai! não sou)
de conformar-me e amoldar-me.
Se grito, tenho razão.
E, se protesto, é que não
enconto de que acusar-me.
Se havia
de Se me roubar depois
por que motivo Se deu?
Acaso não lhe pus eu
a minha vida nas mãos?
Não beijei as minhas feridas
só porque as Ele rasgara?
Não deixei de ser pequeno,
de em tudo ser limitado
(sabe lá Deus com que dores!...)
só para andar a Seu lado?
E foi-Se, e nem um sinal...
(Deixou-me glórias passadas
que não podem contentar-me.
E deixou-me esta revolta
a dizer que O não esqueço,
a ser a maior das provas
-Ai tem dó de mim, Senhor!
Se não é voz a revolta,
eu também sei humilhar-me
e sei pedir-Te perdão.
Deixa-me ser o Teu cão
(que é subir, descer por Ti)
se a mais não devo elevar-me,
mas aparece, mas vem...
Ou então, se me fugiste
por ascender,
meu Senhor, a Teu Lugar
ilumina o meu olhar
e que seja a minha glória,
já que outra não pode ser,
ter olhos para Te ver
gozá-la, como espelhando-a,
Tua Glória,
e que me iluda e que julgue
(de tanto, num santo enlevo,
minh'alma aos Astros erguida)
que a Tua Glória, que eu olho,
é minha Vida cumprida.
Que ao menos viva enganado.
Que este meu viver, lembrado
dos Astros, com que brinquei,
que são meus, porque os toquei,
é como um vinho azedado
que bebo e logo vomito.
(Meus lábidos sabem de cor
o travo que, só, aceitam,
dos vinhos do Infinito...)
Ai vem, meu Senhor!, ou dá-me
notícias de Ti, distante!
acaba com os meus gritos
e pragas e o mais que faço,
desde os vícios renascidos
até ao meu, sujo e triste
(por dolorosa vaidade
que afinal me consentiste),
macaquear atitudes
d'O que já fui, sendo Tu.
Vem acudir ao imerso
no Desâmino e na lama
dum sonho que apodreceu...
E que a Esperança de novo
me surja, a meio de um verso,
nem que eu não fique sabendo
se o fizeste Tu ou eu...
============
surf
Whoever has pity on me,
don't tell me but come and have pity.
Maybe then I feel less alone
and forget me ...
Ah, if I could forget! ...
If I went with them all
as if it were me,
had equal gestures,
say, not what I say,
but just banal words
like theirs ...
... and find all these things
very natural things!
But I don't forget, not even
I am a man who resigns.
-What has already come, come back!
Because it taught my eyes
to live in Claridade?
Leave them there between pitfalls
and darkness because they couldn't! ...
But now, that I saw Him
that I once belonged to Him, Saudade
it is not enough for me.
And I want to have Him again.
I want to give my virgin body
(who, since he kissed him,
is a virgin that I feel him to be),
i want to give it to your arms
as if my body was
a naked woman's body.
I want him to come and be me.
Come keep the promises
that He did for my mouth.
Or else don't.
That if I never knew,
used to this, at first,
maybe now
Life by good craft.
Because I'm not (oh, I'm not)
to conform and shape me.
If I scream, I'm right.
And if I protest, it’s just that
I find that to accuse me.
If there was
If you rob me later
why did it happen?
Didn't I put him
my life in the hands?
I didn't kiss my wounds
just because he tore them up?
I was not small,
at all be limited
(God knows what pains! ...)
just to walk beside you?
And gone, and not a sign ...
(Left me past glories
who can't be content.
And this revolt left me
to say that I don’t forget,
to be the greatest evidence
-Oh, feel sorry for me, Lord!
If revolt is not a voice,
I also know how to humiliate myself
and I know how to ask your forgiveness.
Let me be your dog
(which is going up, down for You)
if the more I must not rise,
but it appears, but it comes ...
Or if you ran away from me
for ascending,
my Lord, Your Place
brightens my gaze
and may it be my glory,
since another cannot be,
have eyes to see you
enjoy it, like mirroring it,
Your Glory,
and deceive me and judge
(so much, in a holy rapture,
my soul to the Astros erected)
that your glory, that I look at,
it is my life fulfilled.
At least live deceived.
That this my living, remembered
dos Astros, with which I played,
that are mine, because I touched them,
it's like a sour wine
I drink and then I vomit.
(My lips know by heart
the thing that they only accept,
of Infinito wines ...)
Here come, my Lord !, or give me
news of You, distant!
end my screams
and pests and what else I do,
since vices reborn
even mine, dirty and sad
(for painful vanity
who finally consented to me),
monkey attitudes
of what I have been, being You.
Come help the immersed
in Desâmino and in the mud
of a rotten dream ...
And that Hope again
appear to me, in the middle of a verse,
even if I don't know
whether you did it You or me ...
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