PS Largo do Espírito Santo, Sebastião da Gama
Largo do Espírito Santo
Nem mais, nem menos: tudo tal e qual
o sonho desmedido que mantinhas.
Só não sonharas estas andorinhas
que temos no beiral.
E moramos num largo... E o nome lindo
que o nosso largo tem!
Com isto não contáramos também.
(Éramos dois sonhando e exigindo.)
Da nossa casa o Alentejo é verde.
É atirar os olhos: São searas,
são olivais, são hortas... E pensaras
que haviam nossos olhos de ter sede!
E o pão da nossa mesa!... E o pucarinho
que nos dá de beber!... E os mil desenhos
da nossa loiça: flores, peixes castanhos,
dois pássaros cantando sobre um ninho...
E o nosso quarto? Agora podes dar-me
teu corpo sem receio ou amargura.
Olha como a Senhora da moldura
sorri à nossa alma e à nossa carne.
Em tudo, ó Companheira,
a nossa casa é bem a nossa casa.
Até nas flores. Até no azinho em brasa
que geme na lareira.
Deus quis. E nós ao sonho erguemos muros,
rasguei janelas eu e tu bordaste
as cortinas. Depois, ó flor na haste,
foi colher-te e ficarmos ambos puros.
Puros, Amor - e à espera.
E serenos. Também a nossa casa.
(Há-de bater-lhe à porta com a asa
um anjo de sangue e carne verdadeira.)
Nem mais, nem menos: tudo tal e qual
o sonho desmedido que mantinhas.
Só não sonharas estas andorinhas
que temos no beiral.
E moramos num largo... E o nome lindo
que o nosso largo tem!
Com isto não contáramos também.
(Éramos dois sonhando e exigindo.)
Da nossa casa o Alentejo é verde.
É atirar os olhos: São searas,
são olivais, são hortas... E pensaras
que haviam nossos olhos de ter sede!
E o pão da nossa mesa!... E o pucarinho
que nos dá de beber!... E os mil desenhos
da nossa loiça: flores, peixes castanhos,
dois pássaros cantando sobre um ninho...
E o nosso quarto? Agora podes dar-me
teu corpo sem receio ou amargura.
Olha como a Senhora da moldura
sorri à nossa alma e à nossa carne.
Em tudo, ó Companheira,
a nossa casa é bem a nossa casa.
Até nas flores. Até no azinho em brasa
que geme na lareira.
Deus quis. E nós ao sonho erguemos muros,
rasguei janelas eu e tu bordaste
as cortinas. Depois, ó flor na haste,
foi colher-te e ficarmos ambos puros.
Puros, Amor - e à espera.
E serenos. Também a nossa casa.
(Há-de bater-lhe à porta com a asa
um anjo de sangue e carne verdadeira.)
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Largo do Espírito Santo
No more, no less: everything as it is
the rampant dream you had.
Just don't dream these swallows
that we have at the eaves.
And we live in a square ... And the beautiful name
that our square has!
We wouldn't have counted on this either.
(We were two dreaming and demanding.)
From our house, Alentejo is green.
It is to shoot the eyes: They are crops,
they are olive groves, they are vegetable gardens ...
that our eyes were thirsty!
And the bread from our table! ... And the little sugar
that gives us to drink! ... And the thousand drawings
of our dishes: flowers, brown fish,
two birds singing over a nest ...
And our room? Now you can give me
your body without fear or bitterness.
Looks like the lady in the frame
smile to our soul and our flesh.
In everything, O Comrade,
our home is very much our home.
Even in the flowers. Even in red-hot holm oak
that groans in the fireplace.
God wanted to. And we dream of building walls,
I tore windows you and me embroidered
the curtains. Then, O flower on the stem,
went to harvest you and we were both pure.
Pure, Love - and waiting.
And serene. Also our home.
(It will knock on the door with the wing
an angel of blood and real flesh.)
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